Vivemos uma era em que o dado deixou de ser subproduto de processos para se tornar o principal insumo da economia. Empresas de diversas verticais transformam operações, produtos e serviços em torno de informações que, quando processadas e analisadas, geram insights que conduzem decisões estratégicas e criam valor em múltiplos níveis organizacionais.
Chamado de novo petróleo da economia digital, esse ativo tem potencial para redefinir cadeias produtivas, otimizar custos operacionais e abrir canais de receita inovadores, desde serviços de assinatura até modelos de negócio baseados em consumo de APIs.
A cada dia, tecnologias emergentes como edge computing, IoT e redes 5G ampliam a capacidade de coleta e processamento de dados em tempo real. Sensores embutidos em máquinas, veículos conectados e dispositivos vestíveis alimentam sistemas com dados estruturados e não estruturados provenientes de vídeos, áudios e postagens em redes sociais.
Segundo o IDC, a produção mundial de informação deve alcançar 180 zettabytes até 2025. Essa quantidade massiva de dados ao redor do mundo é potencializada pelo uso de inteligência artificial, machine learning e blockchain, garantindo segurança e rastreabilidade em transações sensíveis.
Para suportar esse volume, organizações estão adotando arquiteturas híbridas de nuvem, implementando data lakehouses e criando camadas de governança de dados que asseguram qualidade, conformidade e disponibilidade. Essas iniciativas também aceleram processos de analytics e reduzem a latência em aplicações críticas.
O mercado global de monetização de dados apresentou expansão notável, passando de US$ 3,6 bilhões em 2023 para projeções de US$ 12,4 bilhões até 2030, com uma taxa de crescimento anual composto de 19,1%. Esse crescimento reflete a adoção crescente de modelos de dados-as-a-service e plataformas de data marketplace.
Além disso, o segmento de big data deve superar US$ 103 bilhões até 2027, impulsionado por investimentos robustos em análise preditiva nos setores financeiro, de saúde e varejo. A demanda por soluções que transformam grandes volumes de informação em relatórios acionáveis está em constante alta.
Modelos de monetização variam de licenciamento de dados para análises específicas, ofertas de APIs que entregam informações em tempo real, até assinaturas de plataformas que disponibilizam dashboards analíticos sob demanda. Essa diversidade de formatos amplia o alcance e a aplicabilidade dos dados.
O Brasil se consolidou como principal mercado emergente em TI, ocupando a 10ª posição global em investimentos no setor e ampliando sua participação de 1,4% para 1,5%. Em 2024, os investimentos saltaram de US$ 49,8 bilhões para US$ 58,6 bilhões, demonstrando confiança no potencial tecnológico nacional.
Iniciativas governamentais, como o Plano Nacional de Inteligência Artificial, promovem hubs de inovação em parceria com universidades e startups. Empresas de diversos portes desenvolvem soluções para agronegócio, energia e saúde, utilizando analytics avançado para otimizar processos produtivos e reduzir desperdícios.
Startups brasileiras de data analytics ganham destaque em mercados internacionais ao oferecerem serviços de monitoramento de riscos, recomendação de produtos e sistemas de detecção de fraudes que utilizam algoritmos proprietários e aprendizados contínuos.
O relatório FutureScape da IDC e outras pesquisas setoriais apontam quatro movimentos estratégicos que serão determinantes nos próximos anos:
Organizações que implementarem essas estratégias de maneira coordenada capturarão valor mais rapidamente e estabelecerão barreiras de entrada para concorrentes menos ágeis.
Embora haja um horizonte promissor, a análise de dados continua sendo um desafio para muitas empresas brasileiras, que enfrentam falta de profissionais especializados, resistência cultural e lacunas em infraestrutura.
Pesquisa do "State of Data Brazil" revelou que mais de um terço dos executivos não acreditam que suas equipes estejam preparadas para os desafios da inteligência artificial. Assim, investir em formação contínua e trilhas de aprendizado é fundamental para suprir essa demanda.
Entre as áreas que mais demandarão habilidades específicas estão:
A convergência de mundos físico e digital, conhecida como phygital, redefine a experiência de compra no varejo, combinando sensores, realidade aumentada e sistemas inteligentes de recomendação. Essa abordagem cria jornadas de cliente mais fluidas e envolventes, permitindo ajustes em tempo real de ofertas e estoques.
No setor de saúde, a telemedicina e o monitoramento remoto de pacientes por meio de wearables e Internet das Coisas Médica (IoMT) possibilitam diagnósticos mais precisos, pronta resposta a emergências e redução de custos hospitalares. Dados coletados em tempo real alimentam sistemas de IA que antecipam riscos e orientam intervenções clínicas.
Além disso, o trabalho remoto e híbrido consolidou-se como modelo sustentável para muitas organizações, apoiado por plataformas colaborativas que analisam padrões de uso, produtividade e interações em equipe, otimizando fluxos de trabalho e bem-estar dos profissionais.
Regulações como a LGPD no Brasil e o GDPR na União Europeia impulsionam a adoção de boas práticas de governança, exigindo transparência sobre uso e armazenamento de informações sensíveis. Esse ambiente regulatório cria oportunidades para consultorias especializadas e soluções de compliance.
O universo de dados avança em ritmo acelerado, gerando desafios éticos, técnicos e de governança. No entanto, a capacidade de transformar dados em insights aplicáveis pode se transformar no principal diferencial competitivo para organizações de todos os portes e segmentos.
Empreendedores e líderes que investirem em infraestrutura escalável, cultura data-driven e formação contínua de suas equipes não apenas monetizarão informação, mas também promoverão inovação sustentável e maior resiliência diante de crises.
O momento é ideal para alinhar tecnologia, estratégia e ética, construindo ecossistemas colaborativos em que dados fluem com segurança e geram valor compartilhado. Ao abraçar a revolução informacional, empresas poderão liderar a economia do futuro e criar impactos sociais duradouros.
Referências