>
Mercado de Dados
>
Open Banking e o Mercado de Dados: A Revolução da Informação

Open Banking e o Mercado de Dados: A Revolução da Informação

02/11/2025 - 22:47
Fabio Henrique
Open Banking e o Mercado de Dados: A Revolução da Informação

O universo financeiro brasileiro vive um momento de transformação profunda. A chegada do Open Banking, agora ampliado para o conceito de Open Finance, não apenas altera a forma como instituições e clientes interagem mas também redefine todo o panorama de compartilhamento de dados. Este artigo explora em detalhes a evolução regulatória, os impactos econômicos, os desafios e as oportunidades que emergem nesse ecossistema dinâmico.

Panorama Atual e Números no Brasil

O Brasil consolidou-se como protagonista no segmento aberto de serviços financeiros. Já são mais de 40 milhões de clientes — pessoas físicas e jurídicas — participando ativamente do sistema. Em janeiro de 2024, contabilizava-se 43 milhões de consentimentos ativos, número que saltou para 62 milhões de consentimentos ativos em janeiro de 2025, um avanço de 44% em apenas 12 meses.

O volume de transações reflete essa adesão: são mais de 2,3 bilhões de comunicações bem-sucedidas semanalmente dentro das redes do ecossistema Open Finance. Aproximadamente 28% da população bancarizada já compartilha seus dados financeiros — índice superior aos 21% observados no Reino Unido.

O investimento das instituições brasileiras no projeto ultrapassou R$ 2 bilhões, demonstrando o nível de comprometimento no desenvolvimento dessa infraestrutura. No entanto, a participação empresarial ainda é modesta, com menos de 3% das empresas e menos de 15% dos investidores engajados.

Contexto Internacional: Expansão e Comparação

  • Reino Unido: pioneiro em 2018, focou inicialmente em bancos tradicionais.
  • Brasil: implementou um modelo integrado desde o início, abrangendo pagamentos, crédito, investimentos e câmbio.
  • Outros países: México, Índia, Austrália e Singapura adotam iniciativas semelhantes, mas o Brasil se destaca pela velocidade de implementação e abrangência.

Evolução Regulatória e Estrutura de Governança

A regulação brasileira é coordenada pelo Banco Central, que publicou normativos fundamentais como a Resolução Conjunta nº 1/2020 e as Circulares nº 4.015/2020 e nº 4.032/2020. Esses documentos definem o escopo de dados, serviços, papéis e procedimentos para participantes do sistema.

Em 2025, a Resolução Conjunta nº 10 ampliou a obrigatoriedade para instituições com mais de 5 milhões de clientes, adicionando cerca de 220 milhões de relacionamentos ao ecossistema e impactando 36 milhões de brasileiros. A governança reforçada assegura a representação e o acompanhamento constante, mitigando conflitos de interesse e promovendo maior transparência.

Inovações, Produtos e Serviços Viabilizados

  • Open Finance: unificação de produtos bancários, seguros, previdência e câmbio.
  • Pagamentos instantâneos (Pix por aproximação): simplificação de jornadas de pagamento.
  • Initiation de pagamentos sem redirecionamento: mais agilidade e menos etapas.
  • APIs intensivas: uma instituição acessa dados de um cliente, em média, taxa quase três vezes maior que no Reino Unido.

Impactos Econômicos e Inclusão Financeira

O Open Finance se configura como um motor de desconcentração bancária, promovendo maior competição e inovação no setor. Estima-se que até 4,6 milhões de pessoas possam ser incluídas no mercado de crédito, potencialmente injetando R$ 760 bilhões na economia.

O cenário global do Open Banking projeta um valor de mercado de US$ 43,15 bilhões até 2026, com crescimento anual de 24,4%. No Brasil, a promessa é não apenas acompanhar essa expansão, mas também liderar processos inovadores que beneficiem diretamente o consumidor.

Desafios e Limitações

  • Desigualdade de adoção: empresas e investidores ainda resistem aos benefícios do compartilhamento.
  • Educação do usuário final: necessidade urgente de campanhas que esclareçam segurança e vantagens.
  • Governança e qualidade dos dados: modelos de negócios baseados em dados exigem padrões robustos de controle e padronização.
  • Segurança: uso de certificados digitais, APIs seguras e monitoramento contínuo para garantir integridade.

Tendências e Futuro

O ecossistema segue em constante evolução, com expectativa de extensão para novos setores, como previdência complementar e telecomunicações. A inteligência artificial e a análise preditiva ganham força, oferecendo recomendações financeiras cada vez mais personalizadas.

Internacionalmente, o Brasil serve de referência para países em desenvolvimento, adaptando padrões conforme características locais. A criação de jornadas digitais simplificadas — desde a contratação até a portabilidade de serviços — será um diferencial competitivo nos próximos anos.

Oportunidades para o Mercado de Dados

Com o amadurecimento do Open Finance, surge um vasto campo para empresas especializadas em análise, agregação e monetização de dados. Fintechs podem criar plataformas abertas que ofereçam produtos financeiros sob medida, apoiadas em más inteconexões de dados e inteligência de mercado.

Consórcios empresariais têm a chance de desenvolver ofertas integradas de crédito, seguros e investimentos, potencializando a personalização e a inclusão. À medida que a regulação se consolida, o Brasil caminha para se tornar uma referência internacional em inovação bancária baseada em dados.

Em suma, o Open Banking e o mercado de dados representam uma verdadeira revolução da informação. Consumidores e empresas encontram-se diante de um ecossistema mais competitivo, eficiente e centrado na experiência. Ao superar desafios e aproveitar oportunidades, o setor financeiro brasileiro tem o potencial de redefinir padrões globais, democratizando o acesso a serviços e fomentando um ambiente econômico mais dinâmico e inclusivo.

Fabio Henrique

Sobre o Autor: Fabio Henrique

Fabio Henrique